Uma forma de arte que se apropria das novas tecnologias, subvertendo seus usos, desafiando as razões para as quais foram criadas. Não importa se são artefatos conhecidos ou o retrato do que de mais avançado existe na ciência. Pela bienal já passou um robô feito de aspirador de pó acoplado a câmera de vigilância, que reagia a quem se aproximasse. Neste ano, na quinta edição da mostra, neurônios de rato reproduzidos em laboratório sentem os visitantes por meio de sensores e controlam, lá dos Estados Unidos, braços de robôs que a lápis desenham em tubos de PVC instalados em plena Avenida Paulista. E tudo isso feito para ser arte: tecnologia criada comercialmente mas utilizada para surpreender, provocar e emocionar.
E como toda arte que merece esse nome, as obras da bienal não precisam ser entendidas. As exposições são abertas a todos: desde crianças e leigos, que se divertem e interagem, passando por quem aprecia a beleza poética de muitos trabalhos, até quem compreende a complexidade de softwares e máquinas que parecem ter intenção e vontade próprias.
Neste ano, na quinta edição da bienal se completa uma trilogia de conceitos que vêm orientando a escolha dos trabalhos. Em 2006, as obras traziam à tona a questão da interface sob o ponto de vista da cibernética, disciplina que estuda a interação entre entidades sem diferenciar as biológicas das artificiais. Em 2008, foi a vez da emergência: trabalhos nos quais o ciclo cibernético permitia às próprias máquinas fazerem surgir comportamentos e regras imprevisíveis até mesmo aos seus criadores.
Agora, em 2010 a bienal é norteada pela noção de autonomia cibernética, pela evolução de regras e padrões derivados dos comportamentos emergentes das próprias máquinas. Grosso modo, é como se as máquinas percebessem que seu próprio comportamento leva a coisas vantajosas ou prejudiciais aos seus objetivos. Com isso, podem mudar de ideia e agir como se tivessem “personalidade”.
Para discutir, refletir e provocar as mentes inquietas para ideias tão complexas, a bienal vem sempre acompanhada de um simpósio internacional, que coloca em debate pensadores de diversas áreas. Fique atento à programação das mesas e acesse o registro e a cobertura das edições anteriores.
Para quem quiser diversão, interação ou reflexão as portas da Emoção Art.ficial 5.0 estarão abertas. Em cartaz entre 1º de julho e 5 de setembro de 2010, na sede do Itaú Cultural em São Paulo.
http://www.emocaoartficial.org.br/
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